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quarta-feira, 31 de julho de 2013

Na casa do meu Avô

Da janela avistava-se a linha ondulada dos cafezais
E pela estrada de barro passavam os bois em carreata...
Na sala da frente minha avó ensinava letras
aos meninos da roça
No canto a moringa de água fresca sobre a toalha rendada
garantia a placidez da manhã...
No quintal, o doce perfume do jambo maduro
e as galinhas cumprindo sua função universal
Nas paredes do quintal cachos brancos de rosas miúdas
entremeavam-se às flores de São João e
que na minha meninice associava às letras
da música "Capelinha de melão"
Em tardes modorrentas o canto das cigarras
transpunha a condição do tempo que se anunciava
em badaladas claras e musicais do carrilhão,
misturando-se ao cheiro inesquecível dos biscoitos
ainda quentes, saídos do fogão ...
A cama de paina era para mim,menina,
a novidade mais gostosa,o bem mais almejado,
pois como um ninho me acolhia
e como braços ternos me abraçava...
Na parede da sala em formal retrato
uma mocinha com ares comportados,
ao lado um rapaz de olhos sérios, escondia
atrás de seus bigodes, a sua juventude...
Foram ambos o início dessa casa amiga
de tantos sonhos e tantas ilusões
perenizados numa prole imensa,
que colocou em cada um de nós,
um pouco de sua poesia,
de seu jeito de ser,seu coração...


Guaraciaba Perides - 
2001 
( memória de uma menina paulistana, em férias na década de 50, na casa de seus avós em Andradas no sul de Minas Gerais)