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quarta-feira, 10 de abril de 2013

No álbum de retratos

No álbum de retratos
meus pais ainda jovens
desfilam gloriosos
pelas páginas centrais.
E eu,ainda bem criança
abro meus espantados olhos para a vida;
E ali, em sestros calculados,
coberta de colares e miçangas,
repito sem saber porquê
os gestos de Carmem Miranda...
No album de retratos
parentes antigos e amigos imemoriais
permanecem estáticos como aprisionados
em um caleidoscópio gigante
e ali se perpetuam em sorrisos calculados
em olhares no infinito de outros tempos...
Na sequencia da corrente humana,
nas feições que se repetem,
nos perfis que se assemelham,
o sorriso de uma avó distante
reaparece na feição de alguma filha...
De repente,uma prima meio que esquecida
ressurge e faz lembrar sua presença
na foto ressequida.
Chapéus,lenços, fantasias e gravatas,
festas, reuniões,momentos de ilusão,
no olho mágico,se registra,no retrato
e em tudo permanece um pouco da paixão.
Aqui um jovem recebe seu diploma,
mais além, se registra um casamento,
de repente surge um batizado,
depois alguém carrega o neto amado...
E assim se passa a vida registrando a vida,
no álbum de retratos...

Guaraciaba Perides (2001)

2 comentários:

  1. Poema perfeito, fico sem palavras...
    Grande poetisa!
    Parabéns.

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  2. Obrigada Lourdinha pelo comentário.O álbum de retratos nos desperta muitas lembranças e saudades e nos reporta historicamente ao passado de forma a nos reconhecer uns nos outros.
    Um abraço

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