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sábado, 19 de setembro de 2020


Isabel Perides


Será que tudo pode acontecer 
ao mesmo tempo?
Aquele teu sorriso perdido no caminho, 
quem sabe reconstrói
aquilo que findou. 
Será?
Será que teu olhar 
com brilho de estrela 
de novo põe à alma
sorriso em tua face?
Será?
Será que há nós dois?
Será?
Em outro plano, 
Em um futuro do presente, 
futuro no pretérito, 
tudo ao mesmo tempo.
Será que tudo enfim 
se perde no mistério ... será?
E os sonhos bons
são flores no presente ...
são risos em nossas almas, 
verdades em nossas mentes ...
E assim como um cadinho, 
pitadas de magia, 
tudo se mistura ?
Será?

Isabel Perides 

segunda-feira, 3 de agosto de 2020

 
Isabel Perides

Na busca do Amor Perfeito 
Percorri memória antiga 
Fiz terapia, bebi florais, delirei...
e sonhei e sonhei e sonhei... 
Vesti roupas coloridas 
Aprendi línguas estranhas 
e nos palácios e jardins 
só ruínas encontrei. 
E pensei e pensei e pensei... 
Com um monge tibetano 
busquei as neves eternas. 
Aprendi a cantar, a dançar,
a sorrir como uma bailarina 
E sonhei e sonhei e sonhei... 
Cantei às estrelas,
ao sol e à lua, uma canção de Amor. 
Em artes abstratas me empenhei... 
e poetei e poetei e poetei... 
Em teorias de alquimia 
busquei o segredo do Eterno. 
E de tudo 
somente restou na alma 
a inquietação. 
E a eterna busca do Amor Perfeito 
pelo qual tanto sonhei...
Orei e orei e orei. 
 ............................................................ 
Tudo é fácil 
No entanto, tão difícil 
Tudo é obvio 
No entanto, obscuro 
O desejo do Amor é uma verdade 
No entanto, tudo falha... 
Contudo, 
A vida segue seu rumo 
por ínvios caminhos 
traçando em retas ou curvas
seus atalhos de pedras 
e do verdadeiro amor já nem se fala... 
Todavia, 
O sol brilha no céu todos os dias 
a Terra em torno dele e do seu eixo, 
faz a dança do tempo, 
o calor e o frio e o vento 
vindo de qualquer lugar, 
desconhece o amor 
e simplesmente passa... 
Mas, na voz do vento, 
na evolução do sol, 
na vida que segue, 
difícil ou fácil, 
na dança do tempo, 
nas horas que passam, 
o desejo do Amor na alma prevalece.
 ....................................................
Na busca da praia primordial 
Pisei na areia com meus pés de nuvens 
Banhei-me nas águas noturnas 
no mar liquefeito em prata 
Sequei-me ao vento 
dentro da noite escura 
Vislumbrei a luz da chama 
que aqueceu meu corpo 
e iluminou-me a alma 
Com olhos de infinito 
trouxe a calma 
e o brilho das estrelas 
Éramos muitos 
Iguais nas vestes 
e nos semblantes 
olhares longos sorrisos brandos 
Fez-se a roda 
Aviva a chama 
que arde forte ao som do canto 
Cruzam-se os braços 
Serenos rostos ecoam vozes .
..................................................
Da gema rara 
Joia de valor 
Estrela e brilho 
Neste céu infinito 
Olho e riso 
Toque e brisa 
Beijo e flor 
O mais bonito 
Da confraria: O amor! 
Nada de saudade 
Nada de amargura 
Mundo de ternura 
Só presença e paz E amor. 
 Isabel Perides

segunda-feira, 1 de junho de 2020


Isabel Perides

Ad aeternum
Tão lindo cenário 
E uma Opera Bufa
Que alguém chamou 
De "geleia geral" 
Na "doçura da cana"
Canalhice disfarçando o gesto 
E nada sendo o que pretende ser
No tresloucado gesto
Da paranoia esquizofrênica
Que nem Lacan explica
Mas, que país é este?
País de santos e bandidos 
País de milagres de pães 
Não repartidos. 
País da corda bamba, 
Do ouro saindo pela culatra
Da justiça que não é cega, mas caolha ...
De mil pássaros de asas coloridas
Com as "cores das matas verdejantes" 
"do céu de anil" de 
banqueiros.
Na seara vermelha ondulam 
em bandeiras
com foices e martelos 
onde em nossos sonhos 
operários circulam ...
Tudo em brasa não do meu, 
mas do NOSSO !
Isabel Perides




terça-feira, 7 de abril de 2020

Confraria


Isabel Perides

Confraria, 

Sonhadores do mundo
Um outro modo de ver
e de escutar
de ir mais fundo
além do sentimento
de sofrer e de gozar.
Que da alegria
retira o alimento
da nostalgia que
vem do próprio tempo...
Neste mistério de ver
onde o alcance da matéria
é pouco
e ir ao tempo das estrelas
onde a palavra primordial gerou
o Universo e todas as suas paralelas...
Sonhadores do Mundo
onde houver  cantos que falem
de amores e de flores,
onde houver vida
 e seu encanto trágico
de ao mesmo tempo,
perecível e eterno,
na letra de seu verso,
na sua palavra mansa ou rude,
no claro enigma da fonte,
Na confraria dos alquimistas dos sonhos
Unidos pela alma e no delírio de viver
o existir de outra forma e jeito,
fazem do mundo outro lugar
onde a magia á a matéria absoluta
e onde a Terra se salva pela Utopia...

Isabel Perides 



segunda-feira, 23 de março de 2020


                                                                                                                                       Isabel Perides


Prece 
Na mansidão de querer bem à vida
Confia
No silêncio de seu coração
Espera
Na alegria de sua  Alma
Envia
Na certeza de seu bem querer 
Entrega
A Porta com certeza, vai se abrir
E a palavra certamente proverá
À luz do pensamento vai nascer
Do sonho, a realidade nascerá.

domingo, 15 de março de 2020

A dança dos corações (samba)



                                                                                                                      
I - A batalha 

No campo das desilusões 
no vale tudo da guerra que se fez
amantes se perderam em desvario
e agora o que fazer do que restou ?
a longa estrada pela frente aberta
deixar para trás ódio desfeito em dor
lamber as feridas, lançar-se ao vento
as duras penas de uma solidão ...
e aí, tudo acabou ?
faz-se o balanço pelas horas mortas
valeu a pena tanto sofrimento ?

II - A dança 

A dança dos corações 
em um salão à meia luz
no centro a música em surdina 
eu vejo a dança dos corações partidos
pobres coitados !
corações estraçalhados 
por guerras antigas do amor
bailam no salão endurecidos
nas partes que que ainda restam. 
um lado esquerdo
busca o lado direito que lhe complete
e o outro endurecido busca o alento
de outro coração partido !
A dança continua ... trocam-se os pares
tentando algum conforto, algum consolo
magicamente recompondo seus anseios ...

III - A transformação

Cessa a música em surdina 
e entra um rock 
a banda se desfaz em hard core
corações se iluminam e 
se refazem 
...
"na busca infinda 
finda-se a busca
a busca findou"
...
Olêlê ! Olálá ! Olêlê! Olálá !!!

I. Perides
G. Perides
A. Perides


sábado, 7 de março de 2020


Isabel Perides


Frio invisível 
outono 
cumpre uma história
de amor?
segredo 
de amor?
vê que no sonho 
verdade,
ilusão ?
Olhos cansados
tristes,
tem outro brilho
na sua luz,
eis que a mentira 
parece ser
amor?
Pisa leve, 
passo fugaz, 
pensa ainda ...
que o coração
plainando de leve ...
ouse viver ainda 
o Amor !

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Um poema feito só de ausência
Do amor que desespera por seu bem
Súplica, apelo, ordem, 
Tudo se implora àquele que não vem
Amado, a noite desce como em véus de sonho
Ano a ano que não tem mais fim 
Radiosa a luz do teu semblante 
Bendita àquela que te deu à luz
Pela espera imensa, 
pelo sonho 
quase findo, 
Mil vezes amado, 
mercê da ausência que me desfalece,
mercê do bem, 
mercê do sonho que não esmorece, 
mercê do amor, que pelo amor
te espera! 

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Oferta
Minha poesia é pouca
Mas a que tenho lhe dou
A minha oferta é tão pobre 
Mas nela sou o que sou
A minha esperança é tão louca
Mas nela eu sou feliz
O meu sonho é tão nobre
Cem mil barcos navegando 
Não fazem meu destino 
Por sete mares sem fim, 
Pois não cobrem a distância 
Dos teus olhos até mim. 

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Eu seria feliz
se eu pudesse fazer um poema
que curasse a todos 
o que todos sentem
mesmo os mais escondidos sentimentos
de que nada se diz 
apenas se pressentem ...
Eu seria feliz
se eu pudesse preencher de amor 
todas as mazelas humanas
que se arrastam em dor 
torná-las plenas de rosas e perfumes
e colocar em casa olhar humano 
um olhar de amor fraterno 
Eu poderia então 
ser feliz. 

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O amor mora em mim
lá no recôndito do meu ser
antiquado e quixotesco talvez, 
romanesco e humilhado
de temerário que é
tornou-se tão modo poltrão 
que por mais que te chame
suplique faça do meu amor 
tua escrava
rejeita e 
ignora. 
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Alma desatenta
as palavras hoje
preferem ficar caladas
a alma emudece
perdidas no obscuro do espanto 
na penumbra, o pensamento
em círculos, retoma o espaço vazio do conteúdo.
Dizer o quê? Pra quê?
Que palavras seriam capazes de 
urdir a ternura e o amor da alma desatenta?
Que anjo delicado faria urdir as notas sutis 
de um amor que se pretende eterno, 
de uma amizade que se pretende pura, 
de um sentimento que se sabe raro?
Fica à espera de um milagre ...
Mas qual?
A alma desatenta permanece 
percorrendo labirintos a tua
espera. 
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Ei amor, 
vem, chega aqui pertinho
senta aqui do meu lado
enquanto eu toco o meu violão 
a gente pode assim, de repente 
cantar um pouco
sonhar que o mundo 
é um lugar de paz e amor. 
Viver essa calma, 
esse fiozinho de felicidade
se as pessoas chegarem ...
deixe que venham 
podemos repartir o que temos. 
Deixa eu cantar 
enquanto eu mergulho na tua alma. 
Deixa eu cantar 
enquanto eu sonho versos de amor 
nesse teu sorriso gostoso. 
Vem amor, senta aqui do meu lado, 
pega um copo e perde a pressa, 
perde a ânsia de vencer o invencível, 
solta o corpo, 
solta a vida e 
me deixa olhar teus olhos 
enquanto você apenas sorri. 
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Às vezes urge o tempo de existir, 
de repente não se sabe o quanto e 
o porquê de tudo, 
muros que se erguem, 
portas que se fecham e 
corações que sangram ...
lá fora comemoram o nada;
às vezes dói ... sangra a alma
palavras  proferidas com tão rudes gestos 
eles não compreendem ...
Aonde a razão se esconde?
Num grito rouco?
Portas que se fecham, 
corações que se calam, 
corações que sangram, 
olhos que se cruzam e o medo se define, 
o que se teme é aquilo que se esconde, 
como um segredo que já não se oculta, 
explode no peito àquilo que não quer calar ...

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Notas de amor 
entre nós não houve juras de amor 
nem promessa não cumprida
porque não houve promessa
não fizemos planos 
não temos nenhuma canção 
portanto, de nós nada se perdeu, 
porque nunca houve nós. 
O que há 
somente notas do meu amor
que transpassam os anos 
somente notas de amor 
que ecoam em algum canto do universo
súplicas e apelos 
que nossas trajetórias 
possam ser 
como retas paralelas 
e que em algum ponto do infinito 
se encontrem. 

Isabel Perides 


terça-feira, 11 de fevereiro de 2020


NO PAÍS DE ALICE


No país de Alice
há um chapeleiro louco,
uma rainha despótica
coelhos paranóicos
cartas de baralho que fazem a defesa do Castelo.
Um gato que ri ... que ri (?)
à sua vã filosofia.
Há um jardim onde se pintam flores
afinal, é um país surrealista
onde tudo é muito grande 
e ao mesmo tempo tão pequeno ...
mirabolantes sensações de êxtase perene,
mirabolantes planos, dentro de outros planos
fazem surtar aqueles que esperam
a cada dia um novo plano
multifacetado de outras opções ...
nunca se viu um país, como o país de Alice
país de sonho, onde se sonha muito, 
mas enquanto sonha ...
sempre persiste a sensação da fina lâmina 
do "corte-lhe a cabeça" 
Alice, no país das maravilhas,
onde "qualquer semelhança é mera coincidência"
matéria de analista ou coisa e tal ...
Isabel Perides 
Guaraciaba Perides 


Alguém que me disse

Disseram- me um dia 
deixe de andar em círculos
fiquei sem fala 
e pus-me a pensar 
seria bom ou ruim, andar em círculos ?
O círculo tem um centro que é a raiz de tudo 
seria eu assim tão ajuizada 
que nunca perco o centro ?
E então se não for um círculo
mas círculos concêntricos
e a cada volta expando pensamento 
mas sem perder o centro ...
mas se for por exemplo círculos em planos 
que se elevam, aí seria uma espiral
mas também tem no seu eixo o 
mesmo foco central ?!
Que bom !
Isabel Perides 
(julho de 2010)