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terça-feira, 12 de outubro de 2021

Há algo que se omite ...

 Há todo um mundo escondido 

entre os vários tons de zuis 

e há múltiplas vidas 

que dela se sustentam 

E há sustentação de uns aos outros 

que fazem deste mundo um outro mundo 

A vida pela vida em uma rede de existir é tudo

o azul das ondas que vai e vem 

que dão ao seus nativos o dom maior 

Os olhos cobiçam e brilham 

e põe no seu coração o que não presta

Para que tanta beleza?  Quantas formas de existir inúteis ...

se não produzem de imediato o que mais lhe importa, 

sopra-lhes aos ouvidos o deus-dinheiro

Vamos por abaixo a floresta 

invadir todo o azul que há

fazer de tudo 

bens perecíveis que apodrecem e viram pó

vamos queimar de uma só vez todo esse mundo 

e faremos campos ressequidos ... pastos 

neles faremos campos de extermínio de gado de muares em aflição 

Vamos porque é urgente

vamos entupir nossos cofres de papel moeda

e teremos um viver de reis 

com ele compraremos roupas de animais abatidos conforme a estação 

usaremos joias de pedras preciosas compradas nos garimpos 

que trocam vidas que se pagam pela esmola da estupidez

E visitarmos lugares fantásticos 

de paisagens ímpares, verdejantes, 

de rios límpidos com trutas que brilham à luz do sol

faremos uma viagem ao redor do mundo 

elogiando as nações mais ricas e poderosas 

e de inteligência superior à nossa

Enquanto aqui nós somos apenas 

subespécie de uma espécie já em extinção 

Isabel Perides 

out. 2021 



quinta-feira, 8 de abril de 2021

Rosa silente

Rosa silente 
Cálida rosa do meu pensamento 
Vejo-te nas nuvens, vejo-te no tempo 
Que desabrocha na alma inquieta. 
Fica silente 
No meu silêncio. 
Cálida rosa desabrochada 
centro do ser na curva do tempo 
Na luz que emana entre os vitrais 
O que de eterno tu representas. 
Rosa de ouro, rosa de carne 
rosa de alma, rosa de amor 
Beirando mundos, filtrando cores no seu silêncio, 
Guardando a alma de um sonhador... 
Isabel Perides
2021

sábado, 9 de janeiro de 2021


 
Isabel Perides


Tempo e espaço
Oscila o pêndulo 
Percorre o tempo 
Que abstrato no seu princípio
 vai-se preenchendo de solidez. 
Oscila o pêndulo 
e ao movimento sincronizado 
compõe-se formas 
colorem espaços 
surgindo sons de algum lugar. 
Oscila o pêndulo 
movem-se as ondas 
que ritmadas 
ao som do tempo
 respondem ao vento, força e e maré. 
Oscila o pêndulo 
colorem flores 
põe movimento nas quedas d'água, 
surgem pessoas que riem alto 
e cantam e encantam mais uma vez. 
Oscila o pêndulo 
mudam paisagens 
novas imagens 
que se alternam rompendo espaços. 
Oscila o pêndulo 
cumprindo o tempo 
no seu caminho para o infinito da solidão. 
Oscila o pêndulo 
percorre o tempo 
preenchendo o espaço 
de solidez.

A tecelã
Os fios embaralham e se cruzam
em nós que atam e desatam
tecendo a teia do destino.
Em novas formas que alternadas
vem e repetem...o mesmo padrão.
São linhas finas,  mas resistentes,
que não se rompem, antes reforçam
o que ao longo do tempo tecem.
São os afetos que permanecem
em outras rotas de fios esparsos
que entram no jogo e acrescentam
outra textura de fino enlace.
Seguindo rotas que se conhecem
ou não se sabe para onde vão...
vão recompondo cenas singelas
de cores várias de doce enlevo;
outras, nem tanto, tão abstratas,
no pensamento, não se percebe
o seu enredo.
E a fina malha vai se estendendo
ao infinito que se revela...
onde se unem todos os fios,
os nós se juntam,
não se desatam...
Completa-se a obra
e a obra é Bela!

Tudo o que foi sonho
Voltando no tempo/do relógio da vida
vão voando céleres/ os pássaros passados
vou ficando jovem/ vou ficando plena
de lonjuras tantas/ de alegrias mansas
de risadas loucas/ de brinquedos puros
de sonhares muitos/ coração aos pulos
no pulsar de anseios/ de ousadia e medo.
Das certezas feitas/ de conceitos vários
Do poder de tudo/ recriar o mundo,
torná-lo enfim, perfeito.
Na primavera/ da estação primeira,
do sonhar a vida/ de outra forma e jeito,
de igualdade e luz,
de homens e mulheres/ muitas raças , credos,
na esperança ousada/ nos trariam os ventos/
aqueles que de redemoinho/ nos fariam livres/
nos fariam puros/ nos fariam iguais.
Foi que então soubemos/
que era aquele o tempo/ e no correr das horas/
tudo que foi sonho era pra ser vivido/
naquele instante, enquanto
sopravam os ventos / que pulsavam puros/
os corações meninos/ ainda imaculados/
sem saber da vida/ desta luta inglória/
desta guerra  espúria /onde perecem os sonhos. 

Tempo de crescer
A semente brota na terra que a fecunda
Surge a folha verde
que de esperança  a natureza cria
Quando chegar o tempo...
E em seu dom, na forma e conteúdo
que expressará em flor e fruto.
-Quando chegar o tempo...
Agora, promessa ainda, que Deus fará crescer
qualificando em aroma o doce mel da vida.
Quando chegar  o tempo...
E de cada semente brotará o amor,
latente sonho de existir
que fará da terra promissora
um vasto jardim.
Quando chegar o tempo...
Glória se dê a Deus no Céu
e Paz na Terra cujos mansos herdarão.
Quando chegar o tempo...

Isabel Perides 2021