Há todo um mundo escondido
entre os vários tons de zuis
e há múltiplas vidas
que dela se sustentam
E há sustentação de uns aos outros
que fazem deste mundo um outro mundo
A vida pela vida em uma rede de existir é tudo
o azul das ondas que vai e vem
que dão ao seus nativos o dom maior
Os olhos cobiçam e brilham
e põe no seu coração o que não presta
Para que tanta beleza? Quantas formas de existir inúteis ...
se não produzem de imediato o que mais lhe importa,
sopra-lhes aos ouvidos o deus-dinheiro
Vamos por abaixo a floresta
invadir todo o azul que há
fazer de tudo
bens perecíveis que apodrecem e viram pó
vamos queimar de uma só vez todo esse mundo
e faremos campos ressequidos ... pastos
neles faremos campos de extermínio de gado de muares em aflição
Vamos porque é urgente
vamos entupir nossos cofres de papel moeda
e teremos um viver de reis
com ele compraremos roupas de animais abatidos conforme a estação
usaremos joias de pedras preciosas compradas nos garimpos
que trocam vidas que se pagam pela esmola da estupidez
E visitarmos lugares fantásticos
de paisagens ímpares, verdejantes,
de rios límpidos com trutas que brilham à luz do sol
faremos uma viagem ao redor do mundo
elogiando as nações mais ricas e poderosas
e de inteligência superior à nossa
Enquanto aqui nós somos apenas
subespécie de uma espécie já em extinção
Isabel Perides
out. 2021