Isabel Perides
outono
cumpre uma história
de amor?
segredo
de amor?
vê que no sonho
verdade,
ilusão ?
Olhos cansados
tristes,
tem outro brilho
na sua luz,
eis que a mentira
parece ser
amor?
Pisa leve,
passo fugaz,
pensa ainda ...
que o coração
plainando de leve ...
ouse viver ainda
o Amor !
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Um poema feito só de ausência
Do amor que desespera por seu bem
Súplica, apelo, ordem,
Tudo se implora àquele que não vem
Amado, a noite desce como em véus de sonho
Ano a ano que não tem mais fim
Radiosa a luz do teu semblante
Bendita àquela que te deu à luz
Pela espera imensa,
pelo sonho
quase findo,
Mil vezes amado,
mercê da ausência que me desfalece,
mercê do bem,
mercê do sonho que não esmorece,
mercê do amor, que pelo amor
te espera!
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Oferta
Minha poesia é pouca
Mas a que tenho lhe dou
A minha oferta é tão pobre
Mas nela sou o que sou
A minha esperança é tão louca
Mas nela eu sou feliz
O meu sonho é tão nobre
Cem mil barcos navegando
Não fazem meu destino
Por sete mares sem fim,
Pois não cobrem a distância
Dos teus olhos até mim.
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Eu seria feliz
se eu pudesse fazer um poema
que curasse a todos
o que todos sentem
mesmo os mais escondidos sentimentos
de que nada se diz
apenas se pressentem ...
Eu seria feliz
se eu pudesse preencher de amor
todas as mazelas humanas
que se arrastam em dor
torná-las plenas de rosas e perfumes
e colocar em casa olhar humano
um olhar de amor fraterno
Eu poderia então
ser feliz.
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O amor mora em mim
lá no recôndito do meu ser
antiquado e quixotesco talvez,
romanesco e humilhado
de temerário que é
tornou-se tão modo poltrão
que por mais que te chame
suplique faça do meu amor
tua escrava
rejeita e
ignora.
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Alma desatenta
as palavras hoje
preferem ficar caladas
a alma emudece
perdidas no obscuro do espanto
na penumbra, o pensamento
em círculos, retoma o espaço vazio do conteúdo.
Dizer o quê? Pra quê?
Que palavras seriam capazes de
urdir a ternura e o amor da alma desatenta?
Que anjo delicado faria urdir as notas sutis
de um amor que se pretende eterno,
de uma amizade que se pretende pura,
de um sentimento que se sabe raro?
Fica à espera de um milagre ...
Mas qual?
A alma desatenta permanece
percorrendo labirintos a tua
espera.
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Ei amor,
vem, chega aqui pertinho
senta aqui do meu lado
enquanto eu toco o meu violão
a gente pode assim, de repente
cantar um pouco
sonhar que o mundo
é um lugar de paz e amor.
Viver essa calma,
esse fiozinho de felicidade
se as pessoas chegarem ...
deixe que venham
podemos repartir o que temos.
Deixa eu cantar
enquanto eu mergulho na tua alma.
Deixa eu cantar
enquanto eu sonho versos de amor
nesse teu sorriso gostoso.
Vem amor, senta aqui do meu lado,
pega um copo e perde a pressa,
perde a ânsia de vencer o invencível,
solta o corpo,
solta a vida e
me deixa olhar teus olhos
enquanto você apenas sorri.
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Às vezes urge o tempo de existir,
de repente não se sabe o quanto e
o porquê de tudo,
muros que se erguem,
portas que se fecham e
corações que sangram ...
lá fora comemoram o nada;
às vezes dói ... sangra a alma
palavras proferidas com tão rudes gestos
eles não compreendem ...
Aonde a razão se esconde?
Num grito rouco?
Portas que se fecham,
corações que se calam,
corações que sangram,
olhos que se cruzam e o medo se define,
o que se teme é aquilo que se esconde,
como um segredo que já não se oculta,
explode no peito àquilo que não quer calar ...
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Notas de amor
entre nós não houve juras de amor
nem promessa não cumprida
porque não houve promessa
não fizemos planos
não temos nenhuma canção
portanto, de nós nada se perdeu,
porque nunca houve nós.
O que há
somente notas do meu amor
que transpassam os anos
somente notas de amor
que ecoam em algum canto do universo
súplicas e apelos
que nossas trajetórias
possam ser
como retas paralelas
e que em algum ponto do infinito
se encontrem.
Isabel Perides
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